quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Resenha A Mão Esquerda da Escuridão Ursula K. Li Guin




Sabe quando você não se encaixa em uma determinada sociedade ou grupo social em questões emocionais, sociais e comportamentais? É O QUE acontece com Genly em A Mão Esquerda da Escuridão, (The Left Hand of Darkness).
O livro foi escrito pela autora americana Ursula K. Le Guin, e teve seu lançamento em 1969. Ganhou dois prêmios com esse trabalho. O Nébula, 1969, e Hugo, 1970.
Genly Ai é um terráqueo, enviado pelo Ekumen, federação interplanetária à uma missão solitária ao planeta Gethen, conhecido como (Inverno) por seu clima hostil.
Estava em seu encargo, apresentar o Ekumen aos governantes de Gethen e fazê-los se filiar à federação. Esse é o universo criado por Le Guin, dezenas de planetas com seres humanos ou humanoides que se unem para trocar informações científicas, culturais, enviar emissários uns aos outros entre outras funções.
Li Guin, trata nesta ficção Temas importantíssimos que permeiam nossos dias até hoje; Equidade de gênero, e questões raciais. O Emissário quando chega à Gethen, se depara com situações totalmente contrárias do nosso planeta nesses âmbitos. Os habitantes são unissex, homens e mulheres ao mesmo tempo. Uma vez ao ano, desenvolvem características masculinas ou femininas para relacionar-se sexualmente e engravidar. As pessoas que possuem o ano inteiro um mesmo gênero, são chamadas de pervertidas.
Genly sentiu-se extremamente desconfortável, não conseguindo entender esses conceitos que existiam em Gethen. O moço tem uma personalidade muito humana, e não consegue desconstruir o entendimento de feminino e masculino, levando-o a um poço de preconceito. O terráqueo é cis, hétero e negro o que complicava ainda mais a vida do rapaz, pois os gethenianos nunca haviam visto alguém daquela cor. Em um momento o líder pergunta:
-- “Todas as pessoas que vivem em seu planeta são escuras como você? ”
            O livro é narrado por Genly, outros personagens e conta com capítulos curtos intercalando histórias míticas e episódios do planeta.
                        Foi o primeiro livro da autora que li, e não me decepcionei. Mas esperava mais. O livro não é perdido em tecnologias, mas sim bem focado em pessoas, o que é incrível.
A forma da escritora de colocar as palavras é bem trabalhada, e a prosa é gostosa de ler. O que mata um pouco são algumas partes onde a história poderia ter se desenvolvido mais rápido, assim não ficaria um tanto maçante. Mas no geral, é desafiador ler essa obra pelos assuntos abordados, e porque a trama é bacana. Além disso, podemos considerar A Mão Esquerda da Escuridão, o estudo antropológico de um planeta que nunca existiu; porém, tão próximo são os assuntos da nossa realidade, que trazemos automaticamente para nossas vidas.
K Li Guin, nos faz deparar com situações que nos colocam no lugar de não privilegiados, para que vejamos o quão são complexas algumas coisas. Mas se estava pretendendo trazer crítica ao racismo, deveria ter criado os gethenianos negros, e genly branco. É um ótimo livro para ser discutido em escolas e debates de gênero.

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